sexta-feira, 8 de abril de 2011

E tudo começou com um ratinho. Um ratinho ninja, de olhos grandes e que disparava energia.

        




O Lobo e a onça. Fábio Cobiaco.





Eu não queria ser desenhista quando pequeno.
 Não que não gostasse, o desenho era meu confessionário, minha amante. Até hoje é.
 É que eu gostava mais do futebol na época. Mas vou explicar como começou minha história com o quadrinho. Do jeito que eu lembro. Com o tempo, cito outras coisas, mas vamos lá.
 Eu sempre via meu pai desenhando, era contagiante. Quando não via também, mas acho que isso ajudou bastante. Meus cadernos iam sendo preenchidos aos montes, mesmo não tendo tanta importância na minha vida quanto o futebol na época.
 Mas aí, então, eu descobri o Mangá. Aquilo mudou tudo. Já via muitos animês na época - da-lhe Dragon Ball- mas o mangá foi o puxão de gatilho. Talvez por que eu dividia a paixão com vários dos melhores amigos, talvez porque era realmente fantástico, mas eu comecei a adorar aquilo.
 Copiava freneticamente mangás como dragon ball, Dr Slump, e mais pra frente, Naruto.
 Meus amigos ficavam impressionados com os desenhos - e olha que, desculpem o vocabulário, eram uma merda - e me incentivavam, e isso somado ao meu pai, que sempre deixou tudo disponível para que eu escolhesse o desenho como melhor amigo, me fez começar a sonhar com quadrinhos.
 Trocentos Gokus e Narutos depois, eu ainda não tinha percebido uma coisa. Mas aí veio o segundo gatilho, e se o primeiro foi de uma pistolinha de chumbo, esse foi de uma doze.
 Eu descobri, fuçando pelas prateleiras mais altas da estante do papito - ser alto vale a pena por isso - a hq que mudaria tudo. Eu descobri Akira. Akira é foda, vocês sabem disso. Até um pirralho que nem eu, sabia disso. Dias e dias apreciando a obra máxima do mestre máximo Otomo, e pentelhando meu pai com as minhas descobertas, eu percebi algo.
 Não bastava copiar. Eu precisava desenvolver. Acho que foi nesse ponto que o lance de fazer quadrinhos se tornou realmente sério pra mim. Não que eu fizesse só isso, me dividia, ainda, entre o video game e o futebol, mas os quadrinhos começaram a se tornar mais que um hobby. Como um ninja fumegante maldito que surge de trás de uma árvore mais fina que pente de velho nos desenhos animados, o desenho se revelou para mim, e deu um chute na bunda de algumas outras coisas.
 Otomo me fez perceber que só copiar Gokuzinhos (como isso soa mal...) não daria em nada, tava na hora de botar pra fuder. Os amigos da escola, involuntariamente, as vezes, te viciam em desenhar algo, num ciclo infinito de copiar-ser respeitado e adimirado por copiar- copiar de novo. Mas eu não ia deixar mais aquilo me atingir. Começei a fuçar todas as prateleiras - para desesperto do meu pai, já que eu não guardava nada direito, hehe - e copiar tudo que me parecia interessante.
 Em algumas semanas, meu traço já havia mudado estrondosamente. Mas como o terceiro gatilho viria para me mostrar, meu traço seguiu para o rumo errado.
 No que viria a se tornar o fim da minha fase mangá, eu li uma hq do meu maior mestre, até hoje. Fábio Cobiaco, vulgo "meu pai". A hq se chamava O Lobo e a Onça. Era incrível. E tinha tudo a ver com o que eu fazia. Explico já. A história é, nas palavras do meu pai: "um protesto contra a imbecilidade de se fazer MANGÁ no Brasil. Nada a ver com o gênero, eu amo os mangás."
 Claro, meu pai não era grosso, e nem pensou e me dizer isso na época. Mas eu não era tonto. Eu acho. Eu entendi a história, e não decepcionado, mas sim curioso, comecei a tentar entender tudo.
 Eu pesquisei sobre os mangakás que eu tanto admirava. E fui vendo sobre o ritmo dos caras, sobre o trabalho, os roteiros, e percebi que aquilo não era minha laia. Claro que não desisti imediatamente, mas fui, com o tempo, percebendo isso. Algumas conversas sobre mangás no Brasil com meu pai - minhas conversas com meus pais sempre foram as mais incríveis. Sou grato por ter pais fuedas. YEAH! - e mais o fato que tive que mudar de casa e de escola, e consequentemente, de hábitos, me fez vazar do mangá.
 Mas, ao invés de triste, estava animado, nunca fui de ser chorão, acho besteira.
 Estava pra começar, por volta do fim de 2008, início de 2009, banhado por muito chiclete e muita banana - não confudir com os músicos de má qualidade, estou falando do bom e velho Angeli- uma fase nova nos meus quadrinhos. O humor.



 Continua, pois tá grandinho já o post.

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