quinta-feira, 17 de março de 2011

Ao amigo e colega de jornal, João Montanaro

 Adoraria direcionar este pequeno post a outro rumo de assunto, mas infelizmente, sabemos que não tem outro.
Sua charge da Tsunami, está sendo bem comentada recentemente, e não sei o que sr. está sentindo no momento, mas vou deixar claros os meus pensamentos.
 Numa carreira, desde o princípio, existem altos e baixos. Isso, mesmo com pouco tempo usufruindo da dita cuja, aprendi.
 Garanto que esta sua charge, fez parte dos pontos altos. Por um momento, ignore os comentários dos PORRiticamente corretos, e até mesmo o dos que te apoiam, afinal, não adianta só bloquear o que convém a nós.
 Vamos disseminar a obra, dissecar ela. A referência, óbvia aos olhos dos que não se preocupam apenas em criticar, e sim em estudar sobre o que estão criticando, é excelente. Uma obra, que viaja anos e anos desde sua execução, para chegar as mãos de uma nova-nova-nova geração de artista, que a repassa ao seu estilo, debatendo um assunto que convém a sua época, a sua ultima semana, para ser mais preciso.
 A execução, mesmo irônica, remete a tristeza sofrida pelos japoneses, sem nem mesmo ofende-los ou chacota-los em algum momento.
  Ou seja, a premissa é excelente.
 E foi bem executada, com uma arte que deixa obvio o que ocorreu, no que se baseou, e qual é a grande sacada;
 O problema, como sempre, não está o artista. E sim no que pensam sobre ele.
 Muitas idéias erradas surgem, algumas apoiando, tantas outras falando mal.
 A obra não é uma piada. Não tem tom de piada. Não tem PIADA.
 A obra, é uma charge. Uma coisa a parte nos quadrinhos. Não é tira. Não é hq. Não é PIADA. É charge.
E charge pode ser várias coisas.
 Existem várias ramificações dela.
 Ironia. Humor negro. Humor. Crítica. Apelo. Constatação de um jeito diferente. Entre outras.
  Você, caro João, foi inteligente.
 No momento em que viu o ocorrido, pensou não como um crítico, não como um cético, não como um doido, mas como um artista. O que você é.
 Lembrou de uma obra que remetia tudo o que estava acontecendo no momento.
 Incluiu modificações, adequando-a aos novos tempos.
 Fico de certa forma chateado. Nasci na era digital, onde as pessoas interagem com as maquinas, operam suas ferramentas sem botões ou suor, fazem tudo que precisam e não precisam onde quiserem, mas não nasci na época - que eu espero que chegue a existir - onde as pessoas não são pentelhas.
 Juro que procurei milhares de termos para entrar ali na frase acima, mas pentelhas resumiu bem.
Você repara, mesmo no feedback do leitor, que nenhum descendente, ou pessoa com parentes no Japão se sentiu ofendido com a charge. E olha que em momentos muito críticos, as pessoas se ofendem com pouco, faz parte do ser humano.
 Você percebe que só as pessoas pentelhas enchem o saco - trotrotrocadaalho- pelo acontecimento.
É a velha história do amigo chato.
Um cara chega, e te saúda:
-Eai, palhaço.
Você responde, "de boa", e saúda igualmente o companheiro.
Então, chega seu amiguinho chato, e tenta discutir com o cara que te chamou de palhaço, em busca de fingir comprar uma briga que nunca esteve a venda, por motivos óbvios. Você tenta falar que não liga, que é normal, hoje é assim, e você leva "na boa".
 Mas ele insiste. É chato. Quase consegue a briga. Mas ninguém liga pra opinião dele, e ele vaza.
Pronto. FIm. O cara, que nem tinha nada a ver com o assunto, sai com o nível de chatice elevado. Mais nada muda.
 É isso aí. Espero que entenda a mensagem João. O humorista sempre vai ser alvo de tiros cruéis, vindos das mesmas pessoas, mas no final das contas, continuará atingindo mais e mais pessoas, mas não com balas de chatice, e sim com senso de humor. Com raras exceções.
 Mas é como dizia o Millor. Não se preocupem, pois humorista não atira para matar.
Abraços,


do amigo Pedro.

3 comentários:

  1. admiro a tira do João sobre o tsunami. charge não é chacota nem uma risada crítica dum artista. é o retrato de um momento. se faz rir ou chorar, isso depende de quem lê, de uma cultura e de uma localização geográfica. a preocupação do artista é apenas em transmitir uma perspectiva inusitada ou uma leitura geral. a tira dele é um ótimo exemplo e deixa muito claro o papel da charge e de quem a faz.

    o João não precisou de coragem pra publicar sua tira, apenas de talento. se a tira não fosse boa ninguém diria nada nem um grande jornal publicaria. mas dá uma olhada no desenho, olha a composição. a charge funciona. simples.

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  2. Valeu amigo Pedro!
    Adorei o texto!

    Abraços

    João M

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  3. Obrigado pela análise precisa, Pedrão. Me fez sentir o amigo mais chato do mundo.
    Abraço!
    Jo

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